UM NOVO MOTIVO PARA SEGUIR
Na escada de mármore ele permanecia sentado à espera dela. Sabia, por mais que não quisesse, que aquele sentimento não devia ser nutrido, porém, era mais forte do que suas mais incríveis forças, mais forte até do que sua própria vontade de se encontrar com a morte de forma natural. Seus olhos se congelaram no carro negro que brilhava ao toque do Sol estacionado ao lado da guia. Uma cena surgiu em sua mente, mais uma das coisas que ele faria sempre, mesmo quando não pudesse: Salvar a vida dela! A cena que lhe veio foi de quando a salvou de uma bala a poucos centímetros de acertá-la. Se ele não fosse o que era, a teria perdido, mas também poderia tê-la amado e sentido.
O Pôr-do-sol faz-se presente. Ele lá, na sombra da escadaria negra. O coração vazio, sem sangue e sem vida, mas com um único motivo para continuar a bater.
Seu medo pela morte era tanto quanto sua vontade de morrer. Ele pensara na dor que fizera sua ex-mulher sofrer, queimou-a viva, ironia! Não se pode dizer que estava viva, mas o bastante para sentir. Talvez ele não fosse alguém tão bom quanto parecia.
O medo da dor era tão grandioso quanto à vontade de senti-la novamente.
A vontade de mirar seu próprio sangue era tanta que o fazia sangrar por dentro, um sangue de alguém inocente, um sangue que não o pertencia.
Teria ele que viver a eternidade carregando toda essa angústia, toda essa culpa e esse sentimento que o atormentava? Vendo todos morrerem aos poucos, sem nada poder fazer. Ele não queria se sentir mais culpado ainda, ele não poderia passar seu fardo aos outros, principalmente a quem amava. Ao mesmo tempo, desejava estar a eternidade junto dela.
Ela, ela! Os cabelos da cor de Sol, os olhos que refletiam o mais puro azul do céu, a pele alva como as nuvens escassas, ela expira, inspira, é pura vida! E ele jamais poderia tê-la como desejava.
A noite chegava aos poucos, brindando com uma taça rubra e um negro traje.
Ela não viria, não mais. Pois sabia que se isso tivesse um futuro, seria somente com o sacrifício de sua vida, isso ele não seria capaz de permitir, mas seria tentador! Sentir seus dentes afundando na pele alva do pescoço, não poderia mais parar, seria só uma vez, a tragédia! Lembrou-se muito bem do gosto único daquele sangue que o salvara uma vez.
Ele se levantou. Já não lhe restavam esperanças. Desceu os degraus fitando o chão, as mãos nos bolsos da calça social, a camisa branca meio aberta e no rosto a expressão de um executivo que acabara de ser despedido.
Topou com alguém. Levantou a cabeça e logo sentiu aquele pulsar estranho em suas veias vazias, aquele palpitar no peito sem vida. Era ela que chegava para aquecer seu corpo congelado, pois era isso o que ele era, uma pedra de gelo que ela conseguira derreter aos poucos.
- Eu não posso deixar de pensar em você! A mim, já não interessa o que é certo ou errado. Só sei que o quero como nunca pude querer alguém, meu eterno herói.
E com um beijo, fez-se a noite mais eterna do que a própria eternidade.
2 comentários:
Já falei-te das tuas palavras noutro post, portanto não repetirei elogios..
Tu sabes do teu potencial de escrivã...
Só explico agora que este texto possui uma idéia semelhante ás Crônicas Noturnas [de minha autoria]
Se tu, Aziel, gostaste de minha simplória história até agora, creio que interessar-se-a ainda mais com a continuação...^^
Você escreve muito bem, gostei mesmo, queria perguntar se não posso colocar em um blog que participo, com os devidos direitos autorais claro! Bom de qualquer forma Obrigada =]
Ah aqui vai o link caso queria saber:
http://bloodofrutodopecado.blogspot.com/
Até maais =]
Ah meu e-mail caso eu possa postar ou algo do genero, pah_1992@hotmail.com
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