TU - MARACA - TUMMMM!
Aquela sensação de alívio crescia a cada batida forte. Assim, o som percorria claro e protetor, todos os ouvidos dispostos e almas libertas.
O círculo é mágico e a roda do povo o recendeia de energia carismática.
A aura ora é azul inundando de paz e calma, ora verde como parte da natureza e ora se converte em cores que nem sabemos reconhecer, aquele êxtase nos deixa livres de qualquer forma de pensamento.
Dessa maneira, podemos sentir a música, sabemos que ela é viva, mas não podemos explicá-la. Deixe que ecoe dentro de ti, apenas isso!
A batucada frenética comandante das caixas, os baques altos e fortes das alfaias, o chique-chique dos AB’s e o tilintado do gonguê inunda a essência do ser. E assim se faz o tão fantástico maracatu!
Não, não estou no Nordeste, tampouco venho dos mangues e não sou seguidora da Nação Zumbi. Em pleno centro de São Paulo, região Sudeste do Brasil, lá no vale do Anhangabaú tem um grupo que se reúne. É uma espécie de oficina sem fins lucrativos, onde o único lucro gerado é o prazer de poder criar melodias.
E o que poderia ser melhor do que juntar este ritmo divino (porque as deidades sabem que a música é a voz de todos os tempos) com o direito de se expressar e de lutar por seus ideais?
O som marcante do maracatu, das palavras, das letras de músicas Tropicalistas, das poesias Oswaldianas e os direitos estudantis se misturam formando uma aliança indestrutível.
Com tudo isso, sei que ainda me resta uma esperança, um meio de fazer algo que possa ser reconhecido, mesmo que pelos mendigos que por ali vivem e pelas pessoas que por lá passam.
Os calos nos dedos, a dolorida sensação que fica no ombro causada pelo peso das alfaias, o músculo dorido da força produzida são prestígios que nos acompanham durante toda a semana, fazendo com que recordemos-nos das maravilhas praticadas nos domingos matinais a cada dia.
O maracatu faz parte da minha essência. Ele é minha terapia, meu modo de protesto, meu show, minha arte e meu jeito de dar heterônimo à alegria!